quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Contagem adota avaliação para candidatos a direção de escolas
Decisão inédita pretende comprovar conhecimentos específicos dos candidatos antes da eleição
Contagem dá mais um passo na busca pelo
aprimoramento e democratização da educação pública municipal. Em decisão
inédita, candidatos a cargo de direção nas escolas da prefeitura agora
devem comprovar conhecimentos específicos antes da disputa eleitoral. Na
manhã do último sábado (21/11), quase 200 educadores que pretendem
concorrer às eleições deste ano submeteram-se à Avaliação Diagnóstica,
implementada pela Secretaria de Educação (Seduc). As provas foram
aplicadas na Escola Municipal Pedro Pacheco de Souza, no bairro Santa
Cruz.
O resultado final da avaliação será
divulgado no Diário Oficial de Contagem (DOC) do dia 30/11. Os
candidatos classificados na Avaliação Diagnóstica estarão aptos para a
disputa eleitoral nas escolas, prevista para os dias 12 e 19 dezembro,
em primeiro e segundo turno, respectivamente.
O secretário de Educação, professor
Ramon, lembrou que o dirigente escolar é um profissional da gestão
pública, o que justifica o aprofundamento do controle da sociedade. "A
comunidade votará naqueles que demonstrarem conhecimentos técnico,
pedagógico e político para o cargo e, ainda, apresentarem um plano de
gestão que atenda as reais necessidades da comunidade e do seu entorno".
Ramon acrescentou que a direção exige
uma série de competências sôbre a gestão de recursos, avaliação
pedagógica e de desempenho, orientação de funcionários, além de
conhecimento da legislação vigente no país e cumprimento de metas
educacionais da unidade onde atua.
A Avaliação Diagnóstica foi elaborada a
partir das principais temáticas pertinentes "ao fazer pedagógico"
explicou Tereza Cristina de Oliveira, titular da Diretoria de Formação
Continuada da Seduc - setor responsável pela elaboração das provas e
coordenação de todo o processo, mediante apoio técnico especializado. "A
avaliação vai nortear a Seduc para construção de um projeto de formação
específico para aprimorar, ainda mais, o trabalho dos diretores nas
unidades da rede municipal e Funec, a partir de 2016", completou.
Constituída de 45 questões, a avaliação foi dividida em três blocos:
Normas e Legislação, Formação/Gestão Estratégica da Educação,
Conhecimentos Políticos e Pedagógicos.
Educadora há 33 anos, a atual diretora
da Escola Municipal Ricardo Braz Gomes Barreto, no bairro Perobas,
Soraya Ferreira, aprovou a iniciativa da Seduc na adoção da avaliação.
"Com essa característica de ser diagnóstica considero válida a
iniciativa. É muito importante que a secretaria conheça as defasagens
para que possa intervir e contribuir na busca da melhoria da atuação dos
dirigentes", concluiu a diretora, que mesmo não tendo decidido se vai
disputar a reeleição, fez a prova no último sábado.
O vice-diretor na Escola Municipal
Prefeito Luiz da Cunha, na Sede, Rogério Marques de Campos, que também
se submeteu à avaliação, considerou positiva a exigência da Seduc pela
certificação. "É uma oportunidade para ampliar nossos conhecimentos, o
que certamente vai nos ajudar no dia a dia. O cargo de direção exige
tato e manejo, principalmente, porque lidamos o tempo todo com pessoas",
ressaltou o educador com formação em Educação Física e concursado na
rede há 14 anos.
Embora inédito em Contagem, o processo
de avaliação de postulantes a cargos de direção já é realizado em outras
cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), de Minas
Gerais e de outros estados, além do Distrito Federal.
Prefeitura oferta curso de Português para haitianos
Cerca de 25 pessoas vão participar do curso, ofertado pela Seduc
Em meio a sonhos de conquista de bons
empregos e de dar sequência aos estudos, 25 haitianos que vivem na
Região do Petrolândia iniciaram curso de Português como Língua
Estrangeira (PLE), ofertado, gratuitamente, pela Prefeitura de Contagem,
por meio da Secretaria de Educação (Seduc) em parceria com o Instituto
Cultiva.
O objetivo do município é propiciar aos
imigrantes o desenvolvimento das habilidades de ler, escrever, falar e
ouvir o idioma brasileiro. A aula inaugural, com a entrega de kits
escolares a todos os alunos, ocorreu na terça-feira (17/11), na Escola
Municipal Isabel Nascimento de Mattos. O curso terá duração de cinco
meses, com encontros semanais às terças e quintas, das 19h às 21h.
O coordenador do Departamento de
Educação em Ações Afirmativas (Decadi) da Seduc, João Alves, ao dar as
boas-vindas aos estudantes haitianos, disse que "Contagem se orgulha de
recebê-los e de contribuir para que rompam com as dificuldades
decorrentes do idioma. Ainda nesta semana, terá início curso para outra
turma de haitianos, na região da Ressaca". Também informou que os alunos
estrangeiros receberão, ao final do curso, certificado, expedido pela
Seduc, "documento importante para conseguir emprego".
Mestre em Estudos Linguísticos pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Simone Garófalo, explicou
que o curso tem uma abordagem comunicativa intercultural, uma vez que
não se pode dissociar a língua da cultura. Por isso, ao trabalhar
expressões, sempre é possível enriquecer o aprendizado com informações
sobre aspectos culturais.
" O contexto de imersão, ou seja, o fato
de os haitianos já estarem morando aqui, onde a população fala
Português, é um facilitador para o aprendizado", acrescentou a
professora, cuja didática agradou os haitianos, no primeiro dia de aula.
De maneira descontraída e interativa, eles aprenderam detalhes sobre
cumprimentos, pronomes de e a soletrar expressões e nomes.
Nelson Charles, 27, que trabalha como
operador e montador numa empresa em Betim, sonha com a possibilidade de
elevar a renda e de trazer para o Brasil a mulher e três filhos deixados
no Haiti, há um ano e oito meses. Para isso, planeja
profissionalizar-se em outra área, o que exige o aprofundamento acerca
da língua portuguesa. "Pretendo fazer o curso de mecânica industrial,
ouvi dizer que é uma boa profissão", diz Charles, que deixou a sala de
aula já motivado para o segundo encontro.
Marie-Carme Jean François, 32, também
aposta no aprimoramento do idioma para melhorar as condições de vida no
país que a acolheu. "Estou desempregada, acredito que se eu dominar
melhor o Português terei mais oportunidades de trabalho", declarou
François que há um ano e cinco meses, divide com dois primos
conterrâneos aluguel de moradia no Petrolândia.
O estudante Emile Dunan,49, era um dos
poucos que não falava quase nada do idioma brasileiro, durante o
primeiro dia de aula. "O português é muito difícil, mas com estas aulas
espero poder me comunicar melhor", revelou, com a ajuda de um
conterrâneo, já em fase mais avançada de domínio da língua.
"Escola sem Fronteiras"
O curso de Português como Língua
Estrangeira (PLE), ofertado pela Prefeitura de Contagem, é mais uma ação
do "Escola sem Fronteiras", projeto lançado pela Secretaria de Educação
(Seduc) para integrar estudantes estrangeiros às escolas, bem como para
possibilitar que famílias imigrantes acessem serviços públicos de
saúde, trabalho e de assistência social disponibilizados pelo município.
Para facilitar a vida de estudantes
haitianos e seus familiares que vivem em Contagem, a Secretaria de
Educação tem buscado também criar ações e materiais pedagógicos que
dialogam entre as culturas brasileira e haitiana. Além de sensibilizar
educadores para recepcionar os imigrantes, bilhetes enviados aos pais
haitianos são traduzidos para o crioulo, dialeto falado por quase toda
população do Haiti. A tradução dos bilhetes é feita por um pedagogo
haitiano, contratado pela prefeitura para aprimorar a integração com os
novos moradores contagenses, provenientes do país caribenho.
Contagem debate igualdade racial e imigração no mês da Consciência Negra
Evento reuniu mais de 200 pessoas na PUC Contagem
Dentro das comemorações do Mês da
Consciência Negra, a prefeitura promoveu o I Seminário Metropolitano de
Igualdade Racial e Imigração do Município de Contagem. Organizado pelas
secretarias de Educação e de Direitos Humanos, via Departamento de
Educação em Ações Afirmativas (Decadi) e Coordenadoria da Promoção da
Igualdade Racial (CPIR). O evento reuniu mais de 200 pessoas, dentre
educadores e militantes na causa da diversidade. O seminário ocorreu no
auditório da PUC Contagem, na tarde do dia 13/11 e durante todo o dia de
sábado (14/11).
Na abertura do encontro, o secretário de
Educação, professor Ramon, lembrou que um governo deve ser avaliado não
apenas por "obras físicas, como pontes e viadutos", mas também por
"suas ações e proposições". No entanto, segundo ele, a construção de uma
cidade mais humana e acolhedora independe do poder vigente. "O ser
humano é o grande agente das transformações. O governo é apenas uma
porta, uma fresta, porque somos nós que fazemos a ação política virar
concretude, o que justifica reflexões para celebrar a diversidade ",
concluiu.
Representando o secretário estadual de
Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Nilmário Miranda, o
subsecretário Leonardo Nader, falou sobre imigração, temática que ocupou
os debates no primeiro dia do encontro. Ele destacou que, embora a
história da origem e do desenvolvimento do Brasil esteja ligada à figura
de imigrantes, a política migratória ainda se encontra em construção no
país.
De acordo com Nader, devido ao número
expressivo de estrangeiros que tem chegado ao Brasil, o governo de
Minas, criou o Comitê Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e
Apátrida, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho
Escravo (Comitrate). "A proposta do Comitê é atender necessidades
específicas dessas pessoas que chegam ao Estado. Imigração também é uma
questão de direitos humanos. Por isso, não vamos nos omitir".
Integrante do Grupo de Pesquisa e
Extensão de Direitos Sociais e Migração da PUC Minas, coordenado por
Durval Fernandes, a professora Maria da Consolação Gomes de Castro,
também participou dos debates . Segundo ela, dos mais de 50 mil
haitianos que desembarcaram no Brasil, nos últimos cinco anos, cerca de 4
mil vivem na Região Metropolitana de Belo Horizonte, principalmente,
nas cidades de Contagem e Esmeraldas. A escolha pelos dois municípios se
deve ao fato de já existir uma comunidade de haitianos na região, além
de outras questões relacionadas ao custo de vida, como valor do aluguel e
maior oferta de vagas de emprego.
Ações da Educação
O coordenador do Decadi, João Alves de
Souza Júnior, informou que a Prefeitura de Contagem está atenta a esta
movimentação de estrangeiros no município e para a necessidade de
construção de políticas públicas voltadas para imigrantes . "O "Escola
sem Fronteiras", projeto recém-lançado pela Secretaria de Educação
(Seduc) atua para integrar estudantes nas escolas, bem como para
possibilitar que famílias imigrantes acessem serviços públicos de saúde,
trabalho e de assistência social disponibilizados pelo município".
Nesta terça-feira (17/11), a Seduc
inicia o curso de Português como Língua Estrangeira, destinado aos
imigrantes haitianos. Inicialmente, as aulas serão ministradas nas
regionais Petrolândia e Ressaca.
A interlocução entre Seduc e Sine
viabilizou encaminhamentos de haitianos a vagas no mercado de trabalho e
de mães de estudantes haitianos a cursos de qualificação.
O "Escola sem Fronteiras" é mais uma ação do "Negro em Foco" ,
programa institucionalizado na Rede Municipal de Ensino, desde 2006,
cujo objetivo é efetivar uma pedagogia antirracista e políticas de
promoção da igualdade racial na educação. Sob a responsabilidade do
Departamento de Ações Afirmativas, o programa é implementado por meio da
formação de educadores, ações intersetoriais e articulação com os
movimentos sociais.
Também neste semestre, parceria entre a
prefeitura e a CeasaMinas possibilitou a reabertura do Projeto
Telecentro. A princípio, 60 pessoas estão sendo beneficiadas com as
aulas de informática. A maioria é constituída de trabalhadores como
carregadores e ajudantes, com destaque para imigrantes haitianos que
trabalham no entreposto.
Igualdade Racial
Para a coordenadora da Coordenadoria da
Promoção da Igualdade Racial (CPIR), Maria Zenó Soares, assim como na
sexta-feira, os debates do sábado (14/11) foram enriquecedores para os
conferencistas reunidos no I Seminário Metropolitano de Igualdade Racial
e Imigração do Município de Contagem.
O dia foi destinado à reflexões sobre a
Política de Promoção de Igualdade Racial, com foco no racismo
institucional, negro e mídia e a saúde da população negra.
A representante do Movimento Negro
Unificado, Ângela Gomes, enfatizou sobre o racismo institucional.
Segundo ela, o racismo institucional é desencadeado quando as
instituições públicas ou privadas de um país, atuam de forma
diferenciada em relação a determinados grupos em função de suas
características físicas ou culturais.
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