quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Prefeitura oferta curso de Português para haitianos

Cerca de 25 pessoas vão participar do curso, ofertado pela Seduc

Ricardo Lima
Em meio a sonhos de conquista de bons empregos e de dar sequência aos estudos, 25 haitianos que vivem na Região do Petrolândia iniciaram curso de Português como Língua Estrangeira (PLE), ofertado, gratuitamente, pela Prefeitura de Contagem, por meio da Secretaria de Educação (Seduc) em parceria com o Instituto Cultiva.
O objetivo do município é propiciar aos imigrantes o desenvolvimento das habilidades de ler, escrever, falar e ouvir o idioma brasileiro. A aula inaugural, com a entrega de kits escolares a todos os alunos, ocorreu na terça-feira (17/11), na Escola Municipal Isabel Nascimento de Mattos. O curso terá duração de cinco meses, com encontros semanais às terças e quintas, das 19h às 21h.
O coordenador do Departamento de Educação em Ações Afirmativas (Decadi) da Seduc, João Alves, ao dar as boas-vindas aos estudantes haitianos, disse que "Contagem se orgulha de recebê-los e de contribuir para que rompam com as dificuldades decorrentes do idioma. Ainda nesta semana, terá início curso para outra turma de haitianos, na região da Ressaca". Também informou que os alunos estrangeiros receberão, ao final do curso, certificado, expedido pela Seduc, "documento importante para conseguir emprego".
Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Simone Garófalo, explicou que o curso tem uma abordagem comunicativa intercultural, uma vez que não se pode dissociar a língua da cultura. Por isso, ao trabalhar expressões, sempre é possível enriquecer o aprendizado com informações sobre aspectos culturais.
" O contexto de imersão, ou seja, o fato de os haitianos já estarem morando aqui, onde a população fala Português, é um facilitador para o aprendizado", acrescentou a professora, cuja didática agradou os haitianos, no primeiro dia de aula. De maneira descontraída e interativa, eles aprenderam detalhes sobre cumprimentos, pronomes de e a soletrar expressões e nomes.
Nelson Charles, 27, que trabalha como operador e montador numa empresa em Betim, sonha com a possibilidade de elevar a renda e de trazer para o Brasil a mulher e três filhos deixados no Haiti, há um ano e oito meses. Para isso, planeja profissionalizar-se em outra área, o que exige o aprofundamento acerca da língua portuguesa. "Pretendo fazer o curso de mecânica industrial, ouvi dizer que é uma boa profissão", diz Charles, que deixou a sala de aula já motivado para o segundo encontro.
Marie-Carme Jean François, 32, também aposta no aprimoramento do idioma para melhorar as condições de vida no país que a acolheu. "Estou desempregada, acredito que se eu dominar melhor o Português terei mais oportunidades de trabalho", declarou François que há um ano e cinco meses, divide com dois primos conterrâneos aluguel de moradia no Petrolândia.
O estudante Emile Dunan,49, era um dos poucos que não falava quase nada do idioma brasileiro, durante o primeiro dia de aula. "O português é muito difícil, mas com estas aulas espero poder me comunicar melhor", revelou, com a ajuda de um conterrâneo, já em fase mais avançada de domínio da língua.
"Escola sem Fronteiras"
O curso de Português como Língua Estrangeira (PLE), ofertado pela Prefeitura de Contagem, é mais uma ação do "Escola sem Fronteiras", projeto lançado pela Secretaria de Educação (Seduc) para integrar estudantes estrangeiros às escolas, bem como para possibilitar que famílias imigrantes acessem serviços públicos de saúde, trabalho e de assistência social disponibilizados pelo município.
Para facilitar a vida de estudantes haitianos e seus familiares que vivem em Contagem, a Secretaria de Educação tem buscado também criar ações e materiais pedagógicos que dialogam entre as culturas brasileira e haitiana. Além de sensibilizar educadores para recepcionar os imigrantes, bilhetes enviados aos pais haitianos são traduzidos para o crioulo, dialeto falado por quase toda população do Haiti. A tradução dos bilhetes é feita por um pedagogo haitiano, contratado pela prefeitura para aprimorar a integração com os novos moradores contagenses, provenientes do país caribenho.

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