Cerca de 25 pessoas vão participar do curso, ofertado pela Seduc
Em meio a sonhos de conquista de bons
empregos e de dar sequência aos estudos, 25 haitianos que vivem na
Região do Petrolândia iniciaram curso de Português como Língua
Estrangeira (PLE), ofertado, gratuitamente, pela Prefeitura de Contagem,
por meio da Secretaria de Educação (Seduc) em parceria com o Instituto
Cultiva.
O objetivo do município é propiciar aos
imigrantes o desenvolvimento das habilidades de ler, escrever, falar e
ouvir o idioma brasileiro. A aula inaugural, com a entrega de kits
escolares a todos os alunos, ocorreu na terça-feira (17/11), na Escola
Municipal Isabel Nascimento de Mattos. O curso terá duração de cinco
meses, com encontros semanais às terças e quintas, das 19h às 21h.
O coordenador do Departamento de
Educação em Ações Afirmativas (Decadi) da Seduc, João Alves, ao dar as
boas-vindas aos estudantes haitianos, disse que "Contagem se orgulha de
recebê-los e de contribuir para que rompam com as dificuldades
decorrentes do idioma. Ainda nesta semana, terá início curso para outra
turma de haitianos, na região da Ressaca". Também informou que os alunos
estrangeiros receberão, ao final do curso, certificado, expedido pela
Seduc, "documento importante para conseguir emprego".
Mestre em Estudos Linguísticos pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Simone Garófalo, explicou
que o curso tem uma abordagem comunicativa intercultural, uma vez que
não se pode dissociar a língua da cultura. Por isso, ao trabalhar
expressões, sempre é possível enriquecer o aprendizado com informações
sobre aspectos culturais.
" O contexto de imersão, ou seja, o fato
de os haitianos já estarem morando aqui, onde a população fala
Português, é um facilitador para o aprendizado", acrescentou a
professora, cuja didática agradou os haitianos, no primeiro dia de aula.
De maneira descontraída e interativa, eles aprenderam detalhes sobre
cumprimentos, pronomes de e a soletrar expressões e nomes.
Nelson Charles, 27, que trabalha como
operador e montador numa empresa em Betim, sonha com a possibilidade de
elevar a renda e de trazer para o Brasil a mulher e três filhos deixados
no Haiti, há um ano e oito meses. Para isso, planeja
profissionalizar-se em outra área, o que exige o aprofundamento acerca
da língua portuguesa. "Pretendo fazer o curso de mecânica industrial,
ouvi dizer que é uma boa profissão", diz Charles, que deixou a sala de
aula já motivado para o segundo encontro.
Marie-Carme Jean François, 32, também
aposta no aprimoramento do idioma para melhorar as condições de vida no
país que a acolheu. "Estou desempregada, acredito que se eu dominar
melhor o Português terei mais oportunidades de trabalho", declarou
François que há um ano e cinco meses, divide com dois primos
conterrâneos aluguel de moradia no Petrolândia.
O estudante Emile Dunan,49, era um dos
poucos que não falava quase nada do idioma brasileiro, durante o
primeiro dia de aula. "O português é muito difícil, mas com estas aulas
espero poder me comunicar melhor", revelou, com a ajuda de um
conterrâneo, já em fase mais avançada de domínio da língua.
"Escola sem Fronteiras"
O curso de Português como Língua
Estrangeira (PLE), ofertado pela Prefeitura de Contagem, é mais uma ação
do "Escola sem Fronteiras", projeto lançado pela Secretaria de Educação
(Seduc) para integrar estudantes estrangeiros às escolas, bem como para
possibilitar que famílias imigrantes acessem serviços públicos de
saúde, trabalho e de assistência social disponibilizados pelo município.
Para facilitar a vida de estudantes
haitianos e seus familiares que vivem em Contagem, a Secretaria de
Educação tem buscado também criar ações e materiais pedagógicos que
dialogam entre as culturas brasileira e haitiana. Além de sensibilizar
educadores para recepcionar os imigrantes, bilhetes enviados aos pais
haitianos são traduzidos para o crioulo, dialeto falado por quase toda
população do Haiti. A tradução dos bilhetes é feita por um pedagogo
haitiano, contratado pela prefeitura para aprimorar a integração com os
novos moradores contagenses, provenientes do país caribenho.
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