quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Contagem debate igualdade racial e imigração no mês da Consciência Negra

Evento reuniu mais de 200 pessoas na PUC Contagem

Jhonatan Otero
Dentro das comemorações do Mês da Consciência Negra, a prefeitura promoveu o I Seminário Metropolitano de Igualdade Racial e Imigração do Município de Contagem. Organizado pelas secretarias de Educação e de Direitos Humanos, via Departamento de Educação em Ações Afirmativas (Decadi) e Coordenadoria da Promoção da Igualdade Racial (CPIR). O evento reuniu mais de 200 pessoas, dentre educadores e militantes na causa da diversidade. O seminário ocorreu no auditório da PUC Contagem, na tarde do dia 13/11 e durante todo o dia de sábado (14/11).
Na abertura do encontro, o secretário de Educação, professor Ramon, lembrou que um governo deve ser avaliado não apenas por "obras físicas, como pontes e viadutos", mas também por "suas ações e proposições". No entanto, segundo ele, a construção de uma cidade mais humana e acolhedora independe do poder vigente. "O ser humano é o grande agente das transformações. O governo é apenas uma porta, uma fresta, porque somos nós que fazemos a ação política virar concretude, o que justifica reflexões para celebrar a diversidade ", concluiu.
Representando o secretário estadual de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Nilmário Miranda, o subsecretário Leonardo Nader, falou sobre imigração, temática que ocupou os debates no primeiro dia do encontro. Ele destacou que, embora a história da origem e do desenvolvimento do Brasil esteja ligada à figura de imigrantes, a política migratória ainda se encontra em construção no país.
De acordo com Nader, devido ao número expressivo de estrangeiros que tem chegado ao Brasil, o governo de Minas, criou o Comitê Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Apátrida, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho Escravo (Comitrate). "A proposta do Comitê é atender necessidades específicas dessas pessoas que chegam ao Estado. Imigração também é uma questão de direitos humanos. Por isso, não vamos nos omitir".
Integrante do Grupo de Pesquisa e Extensão de Direitos Sociais e Migração da PUC Minas, coordenado por Durval Fernandes, a professora Maria da Consolação Gomes de Castro, também participou dos debates . Segundo ela, dos mais de 50 mil haitianos que desembarcaram no Brasil, nos últimos cinco anos, cerca de 4 mil vivem na Região Metropolitana de Belo Horizonte, principalmente, nas cidades de Contagem e Esmeraldas. A escolha pelos dois municípios se deve ao fato de já existir uma comunidade de haitianos na região, além de outras questões relacionadas ao custo de vida, como valor do aluguel e maior oferta de vagas de emprego.
Ações da Educação
O coordenador do Decadi, João Alves de Souza Júnior, informou que a Prefeitura de Contagem está atenta a esta movimentação de estrangeiros no município e para a necessidade de construção de políticas públicas voltadas para imigrantes . "O "Escola sem Fronteiras", projeto recém-lançado pela Secretaria de Educação (Seduc) atua para integrar estudantes nas escolas, bem como para possibilitar que famílias imigrantes acessem serviços públicos de saúde, trabalho e de assistência social disponibilizados pelo município".
Nesta terça-feira (17/11), a Seduc inicia o curso de Português como Língua Estrangeira, destinado aos imigrantes haitianos. Inicialmente, as aulas serão ministradas nas regionais Petrolândia e Ressaca.
A interlocução entre Seduc e Sine viabilizou encaminhamentos de haitianos a vagas no mercado de trabalho e de mães de estudantes haitianos a cursos de qualificação.
O "Escola sem Fronteiras" é mais uma ação do "Negro em Foco" , programa institucionalizado na Rede Municipal de Ensino, desde 2006, cujo objetivo é efetivar uma pedagogia antirracista e políticas de promoção da igualdade racial na educação. Sob a responsabilidade do Departamento de Ações Afirmativas, o programa é implementado por meio da formação de educadores, ações intersetoriais e articulação com os movimentos sociais.
Também neste semestre, parceria entre a prefeitura e a CeasaMinas possibilitou a reabertura do  Projeto Telecentro. A princípio, 60 pessoas  estão  sendo beneficiadas com as aulas de informática. A maioria é constituída de trabalhadores como carregadores e ajudantes, com destaque para imigrantes haitianos que trabalham no entreposto.
Igualdade Racial
Para a coordenadora da Coordenadoria da Promoção da Igualdade Racial (CPIR), Maria Zenó Soares, assim como na sexta-feira, os debates do sábado (14/11) foram enriquecedores para os conferencistas reunidos no I Seminário Metropolitano de Igualdade Racial e Imigração do Município de Contagem.
O dia foi destinado à reflexões sobre a Política de Promoção de Igualdade Racial, com  foco no racismo institucional, negro e mídia e a saúde da população negra.
A representante do Movimento Negro Unificado, Ângela Gomes, enfatizou sobre o racismo institucional. Segundo ela, o racismo institucional é desencadeado quando as instituições públicas ou privadas de um país, atuam de forma diferenciada em relação a determinados grupos em função de suas características físicas ou culturais.

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