A Prefeitura de Contagem, por meio da Secretaria de Educação (Seduc), via Departamento de Diversidade e Ações Afirmativas (Decadi), trabalha para consolidar discussões e projetos sobre as temáticas da diversidade, étnico-racial e outras questões transversais nas unidades escolares. Para isso, é realizada a formação continuada de professores, na modalidade de Grupos de Trabalho (Gts). No último dia 13/8, ocorreu a aula inaugural de quatro Gts que, neste ano, envolvem 200 educadores da rede municipal de ensino e da Fundação de Ensino de Contagem (Funec).
O evento, no auditório da PUC Contagem, contou
com a presença do secretário de Educação, professor Ramon, e de
representantes dos órgãos parceiros. As boas vindas aos
participantes da aula inaugural ficaram por conta de integrantes do
Projeto Educação pelo Tambor, que deram um show de dança e
percussão.
O secretário Ramon falou da importância de se
fomentar discussões nas escolas, pois as unidades retratam a
diversidade e a complexidade do que ocorre na sociedade. “Por isso,
o debate tem que ser contínuo e os educadores devem estar preparados
para lidar com essa movimentação social. Não podemos retroceder
nos avanços”, enfatizou.
A secretária de Direitos Humanos e Cidadania,
Letícia da Penha Guimarães, que também prestigiou o evento,
cumprimentou a Seduc pela preocupação com a formação de pessoas
conscientes para discussão de “pautas boas e importantes”, não
só para a escola, como também para toda a cidade.
Representando o presidente da Funec, Hugo Vilaça,
a diretora-geral do Departamento Educacional da instituição, Luzia
Moreira, parabenizou o Decadi pela realização dos GTs. "
Nossos professores nos cobram os Grupos de Trabalho. Para a Funec,
seria muito difícil promover uma formação dessa natureza, sem o
apoio de vocês”. Ao falar da importância da escola inclusiva, ela
destacou que a Funec disponibiliza uma cota de 70 vagas para
estudantes com deficiência, mas lamentavelmente, as famílias ainda
desconhecem o fato e os filhos acabam deixando de usufruir desse
benefício. Luzia Moreira informou ainda que a Funec já se encontra
no processo de construção da cota para negros.
Grupos de Trabalho 2015
De acordo com o diretor do Decadi, João Alves, os
Gts, além de promover a formação continuada, contribuem para
potencializar e dar visibilidade aos acervos dos materiais sobre as
temáticas existentes nas escolas. “Também valorizam as atividades
desenvolvidas pelos professores em seus locais de trabalho, uma vez
que parte da carga horária é destinada à construção de projetos
pedagógicos”.
Os Gts/2015 contemplam as temáticas Educação
para as Relações Étnico-Raciais; Gênero, Sexualidade e
Diversidade Sexual; Étnico-Racial - turma de Continuidade e, ainda,
uma das inovações deste ano que é o GT intersetorial, destinado
às Temáticas Transversais. Esse GT abordará a relação entre a
Educação e assuntos contemporâneos tais como Segurança Pública,
Educação Ambiental, Educação para Trânsito, dentre outros.
Com duração de 60 horas (sendo 36h presenciais e
24h de projeto de intervenção), os Gts terão nove encontros,
envolvendo aproximadamente 200 educadores, distribuídos em oito
turmas. Cada temática será trabalhada por duas turmas, manhã e
tarde.
Para as questões etnico-raciais, a formação
contará com professora Rosa Margarida Carvalho, pós-graduada em
Estudos Africanos e Afro Brasileiros pela PUC-MG. Para as questões
de gênero, sexualidade e diversidade sexual a formação será
conduzida pela professora e psicologa Cláudia Natividade, doutora
em Estudos Linguísticos na linha de pesquisa de "Análise do
Discurso e do Texto" da Faculdade de Letras de UFMG.
Já os temas tranversais, cada encontro ficará a
cargo dos órgãos parceiros. Para tratar de assuntos tão
diversos, a Seduc contará com a parceria das secretarias
municipais de Direitos Humanos e Cidadania; Defesa Social; Meio
Ambiente e Sustentabilidade; da Pessoa com Deficiência, Mobilidade
Reduzida e Atenção ao Idoso; e, ainda, com as coordenadorias de
Políticas para Mulheres; e de Promoção da Igualdade Racial, além
da Transcon, Procon e Defesa Civil.
Outra inovação importante, neste ano, segundo a
Seduc é a parceria com PUC-Minas para realização da maioria das
atividades dos Gts, sendo que a certificação também contará com a
chancela da instituição.
O encerramento dos Gts está marcado para 10 de
dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Palestra
Doutora em Ciências Sociais pela PUC-MG, a
professora Júlia Calvo, conduziu a palestra do encontro, abordando a
importância de se trabalhar bem as diferenças no ambiente escolar.
Para ela, é impossível realizar esse trabalho sem pensar no
currículo, o qual deve caminhar junto com as mudanças ocorridas na
sociedade. “A diferença deve estar vinculada a uma questão de
cidadania, pois uma afirmação de direito”, enfatiza .
A especialista lembra que o espaço escolar é
onde ocorre as lutas em todas as esferas, quer seja de gênero, raça,
classe social, dentre outras. Assim, o educador tem que estar
preparado para interpretar e relacionar com isso, “esclarecendo e
legitimando essas lutas”. Mas o que ocorre, na maioria das vezes,
segundo a palestrante, que “o educador acaba sendo engessado dentro
do sistema e não fazendo a diferença”.
Negro em Foco e Gênese
O diretor do Decadi, João Alves, explica que “é
nessa perspectiva, de evitar o engessamento do professor, que a Seduc
vem dando continuidade ao aos Programas Negro em Foco e Gênese”.
O Programa Negro em Foco, institucionalizado em
2006, tem como principal objetivo consolidar estratégias no âmbito
municipal que grantam a implementação da Lei 10.639 de 2003, para
efetivar uma pedagogia anti-racista e políticas de Promoção da
Igualdade Racial.
O Programa Gênese (Gênero, Sexualidade e
Educação), que foi institucionalizado em 2007, tem como principais
objetivos a construção e implementação de políticas educacionais
voltadas para o combate a homofobia e ao sexismo, a valorização da
diversidade e a garantia de uma escola democrática e inclusiva.
Em 2015 está sendo implantado o Projeto Escola
Sem Fronteiras para promover a integração social e cultural de
imigrantes e estrangeiros no município. “Propõe garantir o acesso
à educação, além de ações inclusivas para as populações
itinerantes e imigrantes, por meio de articulações entre ambientes
comunitário,públicos e privados” esclarece o diretor do Decadi.
Ambos programas e o projeto têm como eixos comuns
a formação continuada de educadores, a articulação e parcerias
com os movimentos sociais e as universidades, a ampliação do acervo
das bibliotecas escolares com as respectivas temáticas, e as ações
intersetoriais comas demais secretarias e autarquias da administração
pública municipal.
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