terça-feira, 22 de setembro de 2015

Contagem incentiva inclusão de estudantes surdos

Valorização da Libras integrou as discussões entre os deficientes, familiares e comunidade escolarJhonatan Otero


No mês em que se comemora o Dia Nacional do Surdo (26/9), estudantes com deficiência auditiva da Rede Municipal de Ensino, familiares e comunidade se reuniram para troca de ideias sobre a importância do aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Promovido pela Prefeitura de Contagem, por meio da Secretaria de Educação (Seduc) e pela Sociedade Cultural e Religiosa de Minas Gerais (SCRMG), instituição parceira responsável pelo contrato de tradutores e intérpretes que atuam nas escolas, o evento ocorreu no sábado (12/9), na Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca, no Eldorado.
O encontro foi pautado por momentos de socialização, inclusão e integração, com realização de palestra, oficinas e teatro. A peça "Alice no Mundo dos Surdos", encenada por alunos surdos e ouvintes, levou o público, de quase 200 pessoas, a refletir sobre o desafio da interação de quem tem deficiência auditiva.
O secretário de Educação, professor Ramon, presente ao evento, lembrou que "ser deficiente não significa que tem que ser tratado com diferença". Atualmente, 55 estudantes surdos e com baixa audição são atendidos na Rede Municipal de Ensino. "Para que tenham acesso ao aprendizado, de forma igualitária aos colegas ouvintes, eles são acompanhados em sala de aula, por um grupo de tradutores e intérpretes de Libras, contratados pela prefeitura", acrescentou.
A socialização em Contagem envolve, ainda, o incentivo ao aprendizado de Libras de todos que integram o cotidiano do educando surdo. "Toda semana, dentro das escolas onde há alunos surdos, nossa equipe oferece o ensino básico de Libras para familiares, professores e colegas interessados em aprimorar a comunicação com quem tem deficiência auditiva", revela a diretora de Inclusão da Seduc, Sebastiana Rangel.
Talles Yuri Rodrigues, 14, sente-se totalmente integrado à Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca, onde estuda há sete anos. A mãe de Talles, Zaira Taísa Barbosa, comparou a evolução do filho, antes, em uma escola da rede particular; e depois; após ingresso em uma escola da Rede Municipal de Contagem. "A presença do tradutor e do intérprete faz muita diferença. Ele desenvolveu demais, conquistou mais autonomia, faz os deveres de casa sozinho, tem prazer em vir para a escola. Aqui, ele está totalmente incluído".

Escolas bilíngues
Estudos apontam que 90% dos surdos nascem em famílias de ouvintes, portanto, isso é um dificultador nas comunicações, analisa a tradutora e intérprete de Libras da SCRMG, Heldea Angela dos Santos Braga. "Normalmente, o surdo só vê boca mexendo. Há um equívoco dos familiares, ao acreditar que o deficiente auditivo entende a fala. Na verdade, o que ele entende são os gestos".

Para tentar minimizar as dificuldades enfrentadas pelos surdos, a legislação estabelece que haja "respeito ao ensino dos surdos na Língua Brasileira de Sinais como sua primeira língua e na língua portuguesa como a segunda língua, ou seja, escolas bilíngues". Essa é a principal bandeira de reivindicação dos surdos do país no "Setembro Azul", denominação dada pela Comunidade Surda para chamar atenção para o 26 de setembro, Dia Nacional do Surdo.
Em Contagem, de acordo com Heldea Braga, a data será celebrada com uma caminhada na avenida João César de Oliveira, no bairro Eldorado, às 9h, partindo do Centro de Consultas Especializadas Iria Diniz, ponto de concentração, até a altura do Big Shopping.

A Comunidade Surda conquistou o reconhecimento legal de sua língua, a Língua Brasileira de Sinais (Libras), com a Lei Nº 10.436 de 24 de abril de 2002 e o Decreto Federal Nº 5.626/2005, onde se reconhece a Libras, como uma língua natural das pessoas surdas do Brasil.

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