Em bate-papo com estudantes, amiga de Anne Franck, Nanette Blitz Konig, falou dos horrores da guerra e autografou livros
O primeiro dia da inédita visita a
Contagem da sobrevivente do Holocausto e amiga de Anne Franck, Nanette
Blitz Konig, foi marcado por emoção e admiração do público. Mais de 200
pessoas prestigiaram a tarde de autógrafos do seu livro "Eu sobrevivi ao
Holocausto" e o colóquio com estudantes e educadores da Rede Municipal
de Ensino e da Fundação de Ensino de Contagem (Funec), no hall principal
do Shopping Contagem, na quarta-feira (30/9).
O vice-prefeito João Guedes falou do
orgulho de receber no município uma "personagem guerreira" como Nanette.
Para ele, a visita representa "um momento único para a cidade e também
um convite à reflexão sobre a importância da humanização nas relações
entre todas as pessoas, independentemente da raça e etnia".
O secretário-adjunto de Educação,
Ademilson Ferreira, enfatizou que a visita da sobrevivente do Holocausto
se insere no contexto de construção do "Cultura de Paz e Mediação de
Conflitos no Ambiente Escolar", projeto que começará a ser implementado
nas unidades escolares da Prefeitura de Contagem, ainda neste mês.
"Sabemos que não temos como abarcar toda violência social, mas no nosso
foco que é a educação, vamos investir firmemente em ações pacificadoras,
que certamente vão gerar reflexos positivos em todos os espaços da
cidade".
Visivelmente emocionado, o rabino Uri
Lam, da Congregação Israelita Mineira, após ouvir o hino de Israel,
recorreu ao trecho "a nossa esperança nunca termina", para falar da
importância da persistência na busca por uma sociedade mais justa e
igualitária. "Dona Nanette é a personificação dessa luta, assim como
Anne Franck, mesmo na época nefasta do nazismo nunca perdeu a esperança
por um mundo melhor".
Sem desgrudar os olhos de Dona Nanette e
atenta a cada detalhe dos relatos dela, a estudante do 2º ano do Ensino
Médio da Funec Unidade Ressaca, Evelyn Ferreira Prado, 16, também se
emocionou com a presença da sobrevivente dos horrores do nazismo. "Li o
Diário de Anne Franck, estudei sobre Hitler, mas nunca imaginei que um
dia poderia estar frente a frente com uma amiga de Anne Frank. Nunca vou
me esquecer deste dia", completou.
Durante a conversa com o público,
Nanette Blitz Konig relembrou encontros com a amiga alemã de origem
judaica, Anne Frank, que morreu aos 15 anos em um campo de concentração,
e detalhou um pouco sobre o que foi o "horror" da Segunda Guerra
Mundial e a perseguição do nazismo aos judeus.
"O interessante é que quando acontece
alguma coisa ruim a gente quer esquecer. Ela, não. Conta a história e
com detalhes. Realmente, Dona Nanette é uma guerreira". A declaração é
de Raianne Helena Fiuza, aluna do 6º ano da Escola Municipal Anne Frank,
de Belo Horizonte, instituição que também fez questão de prestigiar a
visita da sobrevivente à Contagem, com um grupo de estudantes e
educadores.
De acordo com a sobrevivente, o número
de vítimas do Holocausto é muito maior do que é divulgado em documentos
oficiais. "Acreditamos, que mais de 9 milhões de pessoas foram mortas em
Auschwitz, a maioria judeus. Mas também foram exterminados poloneses,
romanos e soviéticos, além de outras nacionalidades, ciganos,
homossexuais e outras minorias que confrontavam com o regime nazista". A
maioria foi morta com gás, fuzilada, enforcada e incinerada no campo,
antes de o Exército Vermelho derrubar seus portões no inverno de 1945.
O evento, contou ainda com apresentações
musicais da Banda da Guarda Municipal e do Coral de Emmanuel, da
Fundação Caminho Verdade e Vida, o que também atraiu a atenção da
clientela do centro de compras.
Nanette Konig encerrou a visita a
Contagem na quinta-feira (1/10), depois de participar do evento
"Diálogos sobre Diversidade: ontem e hoje", na Câmara dos Vereadores; e
de roda de conversa com estudantes da Funec e da Educação de Jovens e
Adultos (EJA), no auditório da sede administrativa da Funec, no bairro
Eldorado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário